domingo, 25 de maio de 2008

O contra -Poder

Este fórum, foi criado a pensar em Marvão, e, como é óbvio, os temas aqui abordados, devem reportar-se essencialmente às temáticas e aos problemas deste cada vez mais periférico, Concelho do Distrito de Portalegre, com todos os problemas da interioridade e de ostracismo a que tem sido votado .


Alguém disse um dia, que nenhum homem é uma ilha isolada, nem mesmo aqueles que procuram viver na mais completa indigência , têm condições de sobreviver sem as migalhas da actual sociedade de consumo em que vivemos . As terras que actualmente vivem o drama do ostracismo, do abandono , da falta de investimento e da criação de infra-estruturas, que permitam a fixação das populações, também não deveriam ser ilhas isoladas. Se chegámos a este estado de coisas, não foi de certeza por obra e graça do Espírito Santo .

Embora possa parecer redutor, a génese e o agravamento dos problemas com que se deparam regiões como a nossa, encontra-se indubitavelmente nas sucessivas políticas erradas (independentemente da cor política ) dos governos centrais que nos têm desgovernado :


É impossível falar dos problemas de Marvão, sem extrapolar para todas as considerações de Carácter conjuntural da política nacional .
Este desabafo, vem a propósito de um comentário de um dos participantes deste fórum, pessoa por quem passei a ter grande respeito pessoal e intelectual : O Luís Bugalhão . Este afirma a determinada altura que este espaço se destina a falar de Marvão e que deveríamos centrar as nossas intervenções naquilo que ao concelho concerne : Esta vontade é legítima e imbuída dos mais nobres sentimentos ; mas acontece que não deve haver temáticas estanques , se houver , estamos nós próprios a colocar-nos na situação de “orgulhosamente sós “ .


Com os meus Cartons, tenho abordado questões de política nacional ; internacional; religião ; sociedade , com especial incidência sobre o Poder político em vigor :
O Cartunista Augusto Cid disse um dia numa entrevista e passo a citar : (... ) “ Por definição o cartunista deve ser sempre um homem do contra poder, isso é óbvio : Se não for, não está a honrar a sua missão, que é criticar o poder. Embora, muitas vezes possa, também criticar a oposição” (... ) . A sátira é portanto uma espécie de contra poder, porque o poder vigente arranja sempre formas, de se auto promover . A crítica através do humor, funciona de uma forma diferente da oposição ao regime e é levada por vezes menos a sério, mas não deixa de representar o contraditório, embora não deva ser ofensiva relativamente às condutas intimas ou não comprovadas dos visados .
Devo dizer que neste momento estou a atravessar uma grande desmotivação do ponto de vista criativo . Felizmente a maioria dos ecos têm sido encorajadores . Quando deixarem de o ser, serei eu a dar o primeiro passo no sentido de acabar com isto e dedicar-me mais à família . . Para quem não saiba, estas coisas dão muito trabalho: um “boneco” que se assimila em poucos segundos, chega a demorar seis e sete horas a elaborar . Sem ressentimentos ! Hermínio Felizardo

3 comentários:

Luísa Garraio disse...

Hermínio,
foi precisamente após ler um post teu que iniciei a minha presença neste fórum…
Numa faceta diferente, a escrita, onde descreveste magnificamente a forma como sentes a “nossa” terra…e quantos a sentirão da mesma forma???
Eu, apesar desse sentimento que também nutro, fiz um pouco o “contraditório” ao questionar alguns aspectos que me deixam insatisfeita na vivencia diária que me liga de momento ao concelho…
Não acompanhei de perto a tua carreira, mas conheço alguns dos teus trabalhos e quanto a isso, os comentários são mesmo de incentivo, quantos poderão fazer os “bonecos” que tu tão bem “retratas” e como escrevestes tanto trabalho dão a construir….

Portanto, força…és muito apreciado entre os marvanenses…e se quiseres estar mais presente, que tal uma exposição dos teus trabalhos??? um atelier temporário integrado num evento de maior dimensão como forma de divulgação daquilo que tens feito, que fazes e espero continues a fazer… ( provavelmente estás “farto” de o fazer…é só uma ideia minha…)
Isto porque talvez haja mais pessoas que tal como eu, nem sempre estivemos por cá…e não acompanhámos devidamente a obra de um artista marvanense… que nos deve orgulhar.

Quanto às criticas, o espírito aberto caracteriza as pessoas que colaboram neste espaço… e felizmente as opiniões divergem, e é muito salutar que isso aconteça…cabe a cada um de nós “falar mais alto” o que pensa, “demonstrar” o que acha correcto e desta forma o “debate” sairá com certeza mais rico…o que se espera!!!

João, disse...

Pois é meu caro Hermínio, no dia em que o fizeres isso será uma perda para todos nós. Isto a respeito de alguma desilusão que referes.
E digo isto com algum conhecimento de causa.

Lembro-me, que aqui há meia-dúzia de anos o Hermínio foi vítima, na sua própria terra, das injustiças de um “poder cego” para as pessoas com algum valor. Sobretudo se de Marvão fossem. Pareciam apreciar mais o que viesse de fora, nem que pior fosse (temo que ainda hoje seja assim).

Nessa altura este nosso criador, foi Autor de dois Livros sobre uma das actividades de vida, se assim lhe podemos chamar, do nosso concelho de Marvão: o Contrabando.
Livros esses em ”banda desenhada”, que para mim, que não sou especialista na matéria, mas que considero de alguma qualidade.

Estive presente quando a CM de Portalegre, num acto de justiça, que lhe foi negado na sua terra, organizou uma Conferência para apresentar a obra do Hermínio Felizardo. Que mais uma vez, na minha modesta opinião, foi um êxito.

A ideia que me ficou da altura, é que o Hermínio teve muito pouco apoio por parte desse “poder”, e que só conseguiu editar essas obras, através do “mecenato” do Mena Antunes.

Tenho para mim, que essas obras, tal como outras, não tiveram até aos dias de hoje a devida divulgação e também a devida consideração, por parte dos Executivos da Cultura de Marvão. E que certamente, pesam na desilusão de um dos artistas da nossa terra. Pelo que neste momento, Marvão está em dívida para com Hermínio Felizardo e urge reparar essa injustiça.

Daqui faço um apelo ao Vereador da Cultura, para que “pegue” no caso, e acho que o refúgio em contenções financeiras, será uma ”esfarrapada” desculpa, porque acredito que não é de dinheiro que uma iniciativa destas precisa, mas de SENSIBILIDADE E CORAGEM, e estas não faltam a Pedro Sobreiro.

Até lá, amigo Hermínio, continua connosco, aqui o que te podemos dar é a nossa consideração e o nosso apreço.
E já agora, aceita a proposta do Luís e vira-te para “nós” e retrata-nos com a tua mão sábia…

Marvão e Portalegre hão-de reconhecer-te!

TA: O Luís tem ideias, mas não é o único!
Retrata também o resto do mundo. Não esquecer que um dos princípios do Fórum é: “um espaço de debate livre e independente, criado por um grupo de amigos, que têm como ponto de partida Marvão e vão por aí…
E o por aí, vai até ao “infinito”…

Um abraço

jbuga

Garraio disse...

Há tempos encontrei uma quadra na internet, já não me lembro onde, nem se dizia bem isto...


Tempos houve, em que em Marvão
Não se deu valor ao traço.
Olhava-se era pró braço
De um famoso guitarrão.

Peço desculpa ao autor, que nem sei quem é... se o texto não era exactamente assim.