quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O “Poder”, ganha sempre em Marvão (e por muitos …)


Que é feito dessa raça,
dessa mulher, desse homem,
desses que da terra comem,
p'la tenrura da rabaça?
Que é feito dessa casta
qu'a linha tomou d'assalto,
levando ovos, café, tabaco,
e agora, velha, se arrasta?

... que é feito de ti Marvão,
que não sais d'onde eles'tão?

(Luís Bugalhão, in Fórum Marvão)


Cavaco Silva obteve em Marvão, a maior percentagem de votos de todo o distrito de Portalegre, com 58,3%, numa média distrital de 44,7%. Em Évora a média não foi além de 37,6% e, mesmo no distrito de Castelo Branco a média ficou-se pelos 53,8%, numa média nacional que rondou os 53%.

Confirma-se assim, a exemplo de outras votações, que Marvão vota sempre, maioritariamente, em quem está no poder. Foi sempre assim nas legislativas, e foi sempre assim nas autárquicas sempre que o Presidente se recandidatou.

Relembremos aqui, no que toca a autárquicas, um dos casos mais significativos desta opção em eleições passadas: O Sargento Paz enquanto Presidente, concorreu algumas vezes tendo António Andrade como candidato, vencendo sempre. Anos depois, a situação inverteu-se, e sendo Presidente António Andrade eleito pelo PSD, o PS de então, lá convenceu o Sargento Paz a concorrer, e o que se veio a verificar é no mínimo curioso, o Sargento Paz, talvez o mais consensual Presidente de todos os tempos, levou uma “goleada” de 4-1.

A mim o que me faz mais confusão, é este povo que, sendo um dos mais abandonados pelo poder central, e mesmo regional, estar sempre, maioritariamente, de acordo com esses mandantes, não se lhes conhecendo, ao longo da história, qualquer protesto ou mesmo revolta. Senão vejamos:

- Há cerca de 114 anos perdemos o Foral de concelho, por decisão do poder central de então, e não são conhecidas quaisquer revoltas ou protestos. Mas ainda hoje andamos a comemorar heróis da “restauração” do concelho, quando não lhes conhecemos quaisquer feitos.

- Nos dias de hoje, em matéria de serviços de saúde, é o único concelho do distrito que não tem um horário alargado de abertura no Centro de Saúde, apesar de existirem concelhos com menos 500 habitantes que Marvão. Nos últimos anos, os reduzidos cuidados de saúde, vêm-se deteriorando, e estão mesmo a atingir a ruptura. Os representantes autárquicos fazem de conta que nada é com eles, enquanto eleitos da população, e quem sofre é o mexilhão…

- Na justiça, não tem há mais de 100 anos um Tribunal, apesar de ser um dos concelhos mais emblemáticos do distrito, sendo até candidato a património mundial.

- Até há bem pouco tempo não existiam serviços de Registo Predial, e temo que terá por pouco mais tempo, assim como as Finanças.

- É a única sede de concelho que não é servida pela Rodoviária Nacional para viagens de longo curso. Agora fica sem os comboios, mas as manifestações e protestos são feitas por gente de fora. Tentou fazer-se um “boicote eleitoral abstencionista” numa freguesia, mas mesmo assim, ainda houve 35% da população da Beirã que foi votar, praticamente a mesma percentagem que foi em outras freguesias, e o Presidente da Junta acha que foi um êxito.

- No desporto, é dos poucos concelhos que não participa nos campeonatos de futebol sénior, devido ao exíguo apoio dado às associações desportivas. Este ano, nem nos Tradicionais Jogos do Norte Alentejo existe participação municipal.

- A técnica de protestos mais exercida, é quase sempre os “abaixo assinados”, liderados por figuras sinistras, a mando de terceiros que nunca dão a cara. A maioria das vezes, essa estratégia apenas beneficia uns poucos, em desfavor da maioria da população.

Em Marvão, o “Poder” pode dormir descansado…

O post que faltava...Presidênciais 2011 em Marvão

domingo, 23 de janeiro de 2011

Necrópole da herdade dos Pombais: testemunhos fotográficos










Na década de 80 do pretérito século XX participei durante três épocas  nas escavações de espólio romano e Visigótico na Necrópole da herdade dos Pombais (Concelho de Marvão).

Aquelas estruturas que tanto trabalho deram a pôr a descoberto... foram todas soterradas por ordem da proprietária dos terrenos às quais pertenciam.

É o destino reservado a grande parte do património de inegável interesse patrimonial e histórico do nosso país. Para memória futura, aqui apresento algumas fotos de alguns momentos de trabalho, de lazer e das estruturas em causa.

Estas escavações eram da responsabilidade da Dª e Historiadora, Cristina Fernandes, coadjuvada pela sua irmã, também professora de História: Dulce Helena Fernandes. É possível identificar aqui alguns nativos marvanenses, muito mais novos e frescos que na actualidade. O tempo “ Esse maganão”, não perdoa.

Hermínio Felizardo

sábado, 22 de janeiro de 2011

Memórias do dia 22 de Janeiro de 1974 – Um dia que nunca esqueço

(Em homenagem ao meu irmão Francisco, verdadeiro responsável por estas experiências de vida)

Capítulo II

Parece que foi ontem, e já passou um ano desde que aqui vos contei a primeira parte, desta minha aventura de 22 de Janeiro de 1974. É assim o tempo, esse maganão que nunca pára, avançando sempre, sem contemplações, indiferente ao bom ou mau (tempo), de acordo com a perspectiva de cada um.

Quando penso nesta questão do “tempo”, ou como ele passa apressadamente, vem-me sempre à memoria aquela alusão de Saramago, sobre o tempo da sua avó materna, de nome Josefa Caixinha, feita no discurso de recepção do Prémio Nobel da Literatura, quando este recordava estas suas palavras:

“… o mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada.”

Mas vamos em frente (no tempo), que o que aqui quero partilhar convosco, não é propriamente literatura, e muito menos poesia, mas antes um acontecimento único e que me marcou para a vida.

Para uma actualização integral, se já caiu no vosso esquecimento, recomendo que recueis à um ano atrás e, carregando ali, na “caixinha” (que não é a avó do José), do lado direito, no ano de 2010, mês Janeiro, lá hão-de encontrar um artigo com o mesmo título do de agora, para poderem fazer o enquadramento da história.

Contudo, recordo aqui, o último parágrafo desse artigo, para refrescar a memória, daqueles que ainda a possuem:

“… o facto é que, pelas 10 horas do dia 22 de Janeiro, quatro meses antes do futuro Dia da Liberdade, os proletários da CIM, fizeram ali um silêncio sepulcral, naquele arraial de “malhar ferro”, e, mandaram dizer ao patrão Neves, que a partir daquela hora, estavam em greve, até que ele decidisse proceder à justa actualização salarial.

Eu era um deles e também aderi…”

A Greve, naquele tempo, era para a maioria de nós, uma coisa assim como o longínquo ano 2000, que as profecias anunciavam, ser o ano do fim do mundo. Algo que se ouvia murmurar, mas que, certamente, não existiria. Estar num impulso, metido no seu seio, ficava-se assim como uma criança, que vai ao “comboio fantasma” pela primeira vez, mesmo que acompanhada pelos pais.

Se eu sabia que era proibido fazer greve nessa altura? Claro que sabia; se sabia que existia a policia política PIDE, que tudo controlava? Claro que sim; se sabia que todos os dias iam parar a Caxias, Aljube, ou Peniche pessoas por apenas contestarem a ordem vigente? Sem dúvida; se sabia que as pessoas que aí eram aprisionadas, eram vilmente torturadas, às vezes até à morte? Claro que não podíamos ignorar: víamos, ouvíamos e líamos…

No entanto, para mim, jovem aventureiro de 16 anos, embora já com a experiência de quatro anos de jorna, entrei nessa “estação fantasma”, sem medir prós ou contras, apenas movido por aquilo que me parecia ser o mais elementar sentido de justiça: lutar pela melhoria de condições de vida…
Isso bastava-me, depois logo se veria.

Durante as primeiras duas horas, isto é, até ao meio-dia, ocasião em que íamos almoçar, nada sucedeu. Apenas algumas conversas fúteis sobre a vida, que no meu caso específico, certamente, seria alguma combinação com o camarada do lado, sobre a hora e o local do bailarico do próximo fim-de-semana. Ou, quem sabe, uma discussão “futeboleira” sobre rivalidades de benfiquismo e sportinguismo, já que os tripeiros naquelas paragens, para além de raros, naquela tempo ainda não contavam para o campeonato.

Após almoço ligeiro, transportado em “lancheira”, comido ao ar livre, sentado numa pedra, ingerido directamente da dupla marmita de alumínio, habitada num compartimento pela sopa de legumes, e no outro, por alguns restos de guisado da noite anterior acompanhado de pequenas sopas de carcaça, e, após uma hora, lá regressámos ao silêncio cavernoso do posto de trabalho, que mais acertado seria, chamar-se naquele dia, posto de greve.

Passava pouco das 14 horas, quando à entrada do pavilhão principal da oficina, surgiu repentinamente, o patrão Neves, na sua figura altiva, agasalhado com o seu impecável sobretudo preto, acompanhado do “encarregado-geral”, e do chamado “guarda-livros”.

Observado de longe, a cerca de cinquenta metros em linha recta, via-o movimentar-se bruscamente, dirigindo-se individualmente, a cada um dos meus congéneres operários metalúrgicos, junto ao seu local de greve. Dirigia-lhes algumas palavras, em voz bastante alta e alterada, mas que, pela distância a que estavam de mim, me era impossível enxergar. Após o breve monólogo que travavam, como formigas num carreiro, os contactados, sem excepção, lá se iam dirigindo para a porta da rua.

Quando chegou a minha vez, senti-me a enfrentar um pelotão de fuzilamento, no entanto a dúvida, do monólogo com a entidade patronal, já se havia esfumado, pois já ouvira bem claro, o que se passara com aqueles que mais próximos estavam de mim, e assim, foi sem qualquer surpresa, que ouvi da boca do senhor Engenheiro Neves, a pergunta que repetia pela quinquagésima vez:

- O senhor quer ou não trabalhar?

“Ainda passou pela minha cabeça argumentar que Sim, que queria! Que gostava muito, e precisava daquele trabalho, como do pão para a boca…! Mas, que o senhor engenheiro fosse criterioso, pois bem sabia que o custo da vida estava pelas horas da morte, que a renda da casa tinha aumentado, a electricidade em casa já andava a ser substituída por velas; o comboio já custava seis escudos do Cacém para Lisboa, até pela “bica” já queriam vinte e cinco tostões; ir ao cinema? Só no “piolho”…; saiba, o senhor engenheiro, que a malta mata-se aqui a trabalhar, a dar o litro dez horas por dia; eu, uma criança, pela manhã até já cuspo ferrugem deste maldito óxido de ferro, e à noite, só oiço “grilos” nas orelhas; os maganos daqueles sarracenos não param de aumentar o preço do petróleo e, como o senhor sabe, quando aumenta o crude, aumenta tudo, O senhor bem sabe, que fomos nós, com o nosso trabalho, que fizemos esta empresa, não se esqueça, que ainda há três anos, funcionava num “vão de escada”!
- E já agora, ò senhor engenheiro, o que era isso para si de, apenas mais dez escudos por dia a cada um de nós? Etc., etc.….”

Mas não. Baixei a cabeça, por ser a primeira vez que estava tão de perto com tamanha eminência, não prenunciei uma só palavra, e lá segui, no formigueiro, para a porta de saída. Evitando assim, ao Sr. Neves da Silva, a palavra por si mais repetida naquele dia:

RUA!

(Para o ano, a 22 de Janeiro, se cá estivermos, termino a novela…)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"A boa e a má moeda…."

Reflexão Eleitoral

Decorria então no ano de 2004, e o Governo português era liderado por Santana Lopes, que havia sido nomeado para 1º Ministro, após o abandono do cargo de Durão Barroso (delfim de Cavaco), que tinha preferido fugir para Bruxelas (com medo do pântano, ou dos portugueses de tanga), em vez de cumprir o mandato para o qual tinha sido eleito pelos portugueses.

Todos sabemos, que naquela altura, existiram uma serie de circunstâncias que debilitavam Santana (que fizeram dele pior do que ele é), e a Oposição de então, liderada pelo Partido Socialista de José Sócrates, tudo fazia para derrubar um Governo composto pela coligação PSD/CDS-PP, que tinha maioria na Assembleia da Républica.

Foi então, que lá pelo mês do Natal, desse mesmo ano, que o Professor Cavaco, se lembrou de escrever no Expresso, o tal artigo da “boa e má moeda”, fazendo um paralelismo entre a Lei de Gresham, (em que a “má moeda” tende a expulsar a “boa moeda...”), e a expulsão de “bons políticos por maus políticos”.

Por essa altura, todos ficámos com a certeza, que o Professor Cavaco se dirigia a Santana Lopes e ao seu Governo, e muitos militantes do PSD, viram na atitude de Cavaco uma clara “traição” ao Partido (só que como a memória é curta, parece já se terem esquecido), que sempre o albergou, e sem o qual, nunca teria deixado de ser o “senhor Silva” de Boliqueime.

As palavras de Cavaco, publicadas no semanário ‘Expresso’, foram a gota de água que fizeram transbordar o copo, e ficaram para sempre coladas à queda do Executivo liderado por Santana Lopes, por decisão do então Chefe de Estado, Jorge Sampaio. Já que daí ,resultou, uma conjugação de esforços para deitar abaixo essa coligação e substituí-la pela governação do PS, num verdadeiro «golpe de estado palaciano», que um dia a história julgará.

Pouco tempo depois, em 2006, o Professor Cavaco, havia de ser eleito Presidente, com o apoio incondicional do “seu” PSD, que ele próprio havia “apunhalado” para sair de um Governo que liderava, e que apenas durou 4 messes.

Hoje 6 anos passados, a situação em Portugal, para a maioria dos portugueses, não cessou de piorar, alcançando os piores Indicadores Económicos e Sociais dos últimos 60 anos, tendo na Presidência da Republica o Professor Cavaco que, certamente, não levará a mal que se lhe pergunte:

- Era esta a boa moeda que procurava em 2004?

No entanto, hoje em dia, o Professor Cavaco não pode apenas ser questionado e julgado, por ter sido um dos responsáveis da situação a que chegámos, e por este favor que fez ao Partido Socialista, já que, não temos a certeza de que estaríamos melhor, se no Governo da Nação, por lá tivesse continuado Barroso, Santana e Portas. Hoje, conhecidos que são alguns factos, é o próprio Professor Cavaco, que tem que ser questionado, sobre a que parte da “massa” ele pertence, se à boa ou à má?

Senão vejamos, apenas dois pequenos exemplos:

1º - Quando no princípio dos anos 80, o Professor Cavaco (no intervalo entre dois cargos no Governo, e após ter sido Ministro das Finanças da AD), dava aulas na Universidade Nova de Lisboa, e começou a faltar às aulas injustificadamente, para se dedicar “à privada na Católica” (porque o dinheirinho da Nova estava certo), infringindo um dos deveres fundamentais dos Servidores do Estado (como hoje denominou em campanha), o da ASSIDUIDADE, que lhe valeu um Processo Disciplinar, levantado pelo Reitor Professor Alfredo de Sousa, conducente, ao seu despedimento da Função Pública, mas que nunca chegou ao fim porque “desapareceu”, e porque a seguir foi fazer a tal “rodagem” ao Citroên até a Figueira da Foz, e foi eleito Presidente do PSD (sem nunca ter pensado em tal), vendo-se num ápice 1º Ministro, porque o PRD fez “besteira” ao derrubar o Governo...; era o Professor Cavaco boa, ou má moeda?

2º - Quando nos finais de 2001, o Professor Cavaco e a sua filha adquiriram cerca de 255 mil Acções à SLN/BPN de Oliveira Costa e Dias Loureiro (105 mil dele, e 150 mil de sua filha), a 1 Euro cada, “preço para amigos”, e um ano e meio depois em 2003 as vendeu, a quem as tinha comprado, por cerca de 2,40 Euros cada, obtendo um lucro de 140%, ganhando a família Silva "nesse negócio"mais de 357 mil Euros…; estaria a Professor Cavaco, ingenuamente, apensar que esse dinheiro fácil era proveniente da “boa ou da má moeda”?

Com exemplos como estes, de que “massa” é afinal feito o Professor Cavaco?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Uma esperança…


“Num país qualquer, num dia chuvoso, poucos eleitores compareceram para votar durante a manhã. As autoridades eleitorais, preocupadas, chegaram a supor que haveria uma abstenção gigantesca.

À tarde, quase no encerramento da votação, centenas de milhares de eleitores compareceram aos locais de votação. Formaram-se filas quilométricas, e tudo pareceu normal. Mas, para desespero das autoridades eleitorais, houve quase setenta por cento de votos em branco. Uma catástrofe. Evidentemente que as instituições, partidos políticos e autoridades, haviam perdido a credibilidade da população.

O voto em branco fora uma manifestação inocente, um desabafo, a indignação pelo descalabro praticado por políticos pertencentes aos partidos da direita, da esquerda e do meio. Políticos de partidos diferentes, mas de actuações iguais, usufruindo de privilégios que afrontavam a população.

Os eleitores estavam cansados, revoltados. Os governantes, sentindo-se ameaçados, trataram de agir em nome da ordem, perseguindo, prendendo, maltratando, eliminando. Alguns que viveram os horrores da cegueira branca, novamente sofreram.

Os governantes, preocupados em salvar a própria pele, em garantir o poder, não perceberam que a cegueira branca de outrora, demonstrativo de que há muito o homem estava cego, tinham paralelo com o voto branco de agora, indicativo de que a população não perdera a lucidez. Estranhamente, não houve uma mobilização para o facto.”

(Saramago, in Ensaio Sobre a Lucidez)

Uma das piores hipóteses para um sistema que se diz democrático, é a rejeição total de todas as propostas eleitorais, é ponto da partida para uma especulação sobre o sistema político, o seu carácter democrático ou antidemocrático, a cegueira do povo – ou a sua repentina lucidez.



Haja esperança...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mais uma de reactividade e pouca “Actividade”?...

De acordo com o “Jornal Fonte Nova" de hoje, 18/1/2011, após visita do Grupo Parlamentar do PSD ao Campo de Golfe de Marvão, Miguel Macedo (Líder Parlamentar do PSD), afirmou:

"É absolutamente incompreensível que, num momento em que todas as atenções devem estar voltadas para a captação de investimentos, existam investidores interessados em desenvolver o projecto do Golfe de Marvão, e a burocracia dos serviços faça com que esses investidores se desinteressem"

Miguel Macedo lamentou, o cenário do Golfe de Marvão, e garantiu que irá requerer a presença do secretário de Estado do Turismo para discutir esta situação, já que: "É uma alavanca essencial para um projecto mais vasto no panorama turístico regional e nacional, e permite criar dezenas de empregos, algo vital num concelho tão desertificado como é o caso de Marvão.”

Também o Deputado do PSD pelo Distrito de Portalegre Cristóvão Crespo, afirmou que: “… a situação do Golfe de Marvão é um dos aspectos negativos e pensamos que é urgente resolver. É importante que não se perpetue o abandono daquele equipamento que custou muito dinheiro ao erário público".

Também o assunto, foi levado dias depois, por Cristóvão Crespo à Assembleia da Republica, em vídeo que aqui vos deixo (minuto 4.55), mas não fará mal que vejam todo o Vídeo, já que é tão raro que os Deputados do Distrito tenham voz, que vale a pena ver a intervenção!

No entanto, pergunto eu, e a nível local, estarão a ser equacionas todas as hipóteses de resolução da situação? Ou será como os “comboios”: Mais reacção do que acção?...

Vamos deixar de "...ficar a ver comboios?"

Ramal de Cáceres fecha a 1 de Fevereiro


Os serviços regionais no Ramal ferroviário de Cáceres, entre Torre das Vargens (Ponte de Sor) e Beirã (Marvão) são suprimidos a partir de 1 de Fevereiro, revelou à Agência Lusa fonte da CP.

"É uma questão de racionalidade de serviços e de sustentabilidade económica e financeira da empresa", explicou a directora de comunicação da CP, Ana Portela. De acordo com a responsável, a média de procura é de "três passageiros por comboio".


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Saúde pelas horas da amargura...

Com as graves carências dos serviços de saúde que se vive no Concelho de Marvão, talvez seja importante que se reflicta sobre esta questão: Perante o risco de encerramento ou concentração de Extensões de Saúde o que pensa a Ordem dos Enfermeiros

Ordem dos Enfermeiros defende que Unidades de Cuidados na Comunidade podem dar resposta aos cidadãos

Lisboa, 12 de Janeiro de 2011 – Considerando as notícias vindas a público sobre o encerramento e concentração de extensões de saúde com menos de 1 500 utentes inscritos nas Administrações Regionais de Saúde (ARS) do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo (eventual reorganização de serviços nas restantes ARS), a Ordem dos Enfermeiros vem publicamente afirmar o seguinte:

- É do conhecimento de todos – profissionais, utentes, Ministério da Saúde – que muitas Unidades de Saúde (Extensões), pela dimensão e condições que oferecem, não justificam a sua existência, colocando em causa, em alguns casos, a segurança e qualidade dos cuidados. Algumas são sinónimo de ineficiência na gestão dos recursos disponíveis, nomeadamente humanos, trazendo dificuldades acrescidas à gestão das unidades de saúde onde as mesmas se integram (Agrupamentos de Centros de Saúde – ACES).

- Contudo, antes de serem tomadas decisões sobre esta matéria deverão ser ponderados vários factores, entre os quais o envelhecimento progressivo e o aumento da doença crónica da população, que implicam crescentes níveis de dependência e consequente dificuldade de mobilidade; redes viárias e de transportes públicos insuficientes; e a capacidade económico-financeira débil dos utentes, particularmente dos idosos com parcos recursos.

- Quaisquer que sejam as soluções a adoptar, o direito destas populações à acessibilidade e qualidade dos cuidados de saúde não poderá ser colocado em causa, da mesma forma que devem ser obtidos ganhos de eficiência com as alterações a implementar.

- Neste contexto, a Ordem dos Enfermeiros defende que as dificuldades poderiam ser em alguns casos ultrapassadas e noutros minimizadas com um maior investimento na valorização das competências profissionais e no papel dos enfermeiros nos Cuidados de Saúde Primários, assim como na implementação e desenvolvimento de Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC).
- Recorde-se que as UCC são uma das componentes da reforma dos Cuidados de Saúde Primários que visam melhorar o estado de saúde da população de uma determinada área geográfica, procurando obter ganhos em saúde. Uma UCC presta «cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, especialmente às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, em situação de maior risco ou dependência física e funcional ou doença que requeira acompanhamento próximo e actua ainda na educação para a saúde, na integração em redes de apoio à família e na implementação de unidades móveis de intervenção» – conforme define o Decreto-Lei n.º 28/2008 de 22 de Fevereiro.

- Os cidadãos inscritos nas extensões analisadas pelas ARS do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo (e eventualmente nas restantes ARS) encontram-se numa situação de maior vulnerabilidade por défice de recursos humanos. Intervindo na comunidade com enfermeiros, assistentes sociais, médicos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros, as UCC poderão, em complementaridade com as restantes unidades funcionais dos Centros de Saúde, garantir a resposta às necessidades em cuidados de saúde a estas populações, em tempo útil. Segundo dados da Coordenação Estratégica dos Cuidados de Saúde Primários, até 9 de Dezembro de 2010 existiam 51 Unidades de Cuidados na Comunidade no activo, de um total de 270 candidaturas apresentadas até Novembro de 2009.

- A Ordem dos Enfermeiros reitera a importância do papel que os enfermeiros desempenham nos Cuidados de Saúde Primários enquanto elemento-chave na gestão dos projectos de saúde dos utentes, quer no âmbito das suas competências profissionais, quer em complementaridade com outros profissionais de saúde.

Por isso reafirma-se:

- É possível garantir mais cuidados em segurança e qualidade para os cidadãos se a opção política não continuar a centrar as respostas às necessidades quase exclusivamente no acesso a cuidados médicos.

- Novas respostas organizadas, investindo nos recursos disponíveis, são seguramente o caminho para ultrapassar a carência de cuidados de saúde a que os cidadãos têm direito.

Bastonária da Ordem dos Enfermeiros
(Enf.ª Maria Augusta de Sousa)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Conheça o seu Município: Parte II

“Se alguém pede emprestado, alguém vai ter de pagar….”

Na sequência do Post que aqui publicámos em Dezembro passado, sobre um novo pedido de Empréstimo Bancário a Longo Prazo pela CM de Marvão, no valor aproximado de 800.000 euros, para se fazer face à componente própria para completar financiamentos de diversos Projectos comunitários, começou a surgir-me a dúvida sobre qual seria a verdadeira situação do endividamento, os valores totais, e ainda, sua evolução ao longo dos últimos 10 anos.

Um dos grandes problemas, senão o maior de Portugal, é o endividamento, quer se trate do país, das famílias, ou das instituições. É dito e sabido, que em muitos dos períodos da nossa história, andamos a viver acima daquilo que temos e produzimos, e para fazer face a esse deficit, pedimos emprestado.

Em contrapartida, temos vivido outros períodos históricos, de extrema carência e mesmo miséria, em que temos que viver apenas com aquilo que temos, e ainda, poupar para pagarmos o que devemos, e quase sempre obrigados por aqueles a quem devemos. E disso não tenhamos dúvidas, que será assim com o país, com as famílias e com as instituições.

1 – Endividamento Bancário do Município de Marvão

Mas tal como diz o título, o que este artigo pretende, é que os marvanenses conheçam melhor o seu município, as acções e responsabilidades dos seus governantes. E nada melhor, em minha opinião, começarmos por analisar a situação de Endividamento a longo Prazo do Município, neste caso o Bancário, por ser certamente um dos Indicadores mais importantes, que irá influenciar o nosso futuro colectivo, e que teremos de pagar mais cedo ou mais tarde, ou deixar como herança aos nossos filhos.

Nesta perspectiva, várias questões se me puseram, tais como:

- Qual a dívida total actual dos Empréstimos Bancários, da CM de Marvão?
- Esta dívida tem diminuído ou aumentado, ao longo dos anos?
- Existem diferenças de gestão na contracção dessa dívida, pelos líderes da instituição?
- Qual a evolução dos montantes pagos em juros?
- Como irá o município pagar essas dívidas no futuro?

O Quadro 2 e o Gráfico 1 respondem a algumas destas questões.

Como podemos verificar no Quadro 2, o valor em dívida por Empréstimo Bancário da CM de Marvão no final de 2010, era aproximadamente, de 2, 2 milhões de € (após confirmação do último empréstimo de 800 mil €, aprovado em Dezembro de 2010).

Podemos ainda verificar, que os valores têm vindo sempre a subir (com excepção de uma pequena descida em 2002), sendo que as maiores subidas, se fizeram sentir a partir de 2005, quando a dívida se situava apenas em 688 mil €.

No Gráfico 1 (Gráfico que serviu de Enigma no anterior Post, e no qual acertaram 72 % dos visitantes, sinal que estão atentos), podemos verificar, que as metodologias de gestão sobre Endividamento Bancário dos dois Presidentes (Manuel Bugalho e Vítor Frutuoso), têm comportamentos diferentes:

- Manuel Bugalho entre 2001-2005, contribuiu para que a dívida aumentasse apenas 523 mil € (de 165 para 688 mil €);

- Vítor Frutuoso entre 2006-2010, foi responsável por um aumento de 1,5 milhões de € (de 688 mil para 2,2 milhões de €), aproximadamente, o triplo, de Manuel Bugalho em período de tempo idêntico.

Como prova destas diferentes metodologias de gestão, podemos referir ainda, que Manuel Bugalho durante os seus 8 anos de mandato apenas pediu autorização à Assembleia Municipal para pedir empréstimos no valor total de 700 mil €; Vítor Frutuoso, nos 5 anos que leva de mandato já pediu autorização para pedir 2,5 milhões de €.

Significativo, não?...


2 – Juros pagos de Empréstimos

É lógico que com a dívida a subir como em epígrafe se demonstrou, é de esperar que também os custos com os respectivos juros se encontrem em ascensão vertiginosa.


No Gráfico 2, podemos verificar, que em 2009, as verbas gastas com pagamento de Juros atingiram o valor de cerca de 31 mil €, quando em 2004 esse valor rondava apenas de 4 mil €. E em 2010, apesar de ainda não conhecermos os valores, eles aproximar-se-ão dos 40 mil €, verba já bastante significativa, tendo em conta as parcas receitas municipais.

É ainda de referir, que dos cerca de 3. 250. 000 €, que estão autorizados para empréstimos desde 2001, nestes 10 anos, a Câmara Municipal, ainda só amortizou 275.000 €, e pagou de juros cerca de 171.000 €.

Não estaremos a fazer grande futurologia, se prognosticarmos, que nos próximos anos a verba a pagar de juros se aproximará, rapidamente, dos 100 mil €/ano, ou mais!


3 – Conclusões

- O Município de Marvão no final de 2010 deve aos Bancos cerca 2,2 milhões de €, este valor poderá aproximar-se no final de 2011, do valor redondo, dos 3 milhões de € (se forem levantadas o total de verbas contratadas).

- Este Indicador tem vindo sempre a subir, verificando-se os maiores aumentos a partir de 2005. Tendo uma evolução em 10 anos de 165.000 € (em 2001), para cerca de 3 milhões € (nos finais de 2011/2012).

- Verifica-se que existem diferenças abismais nas metodologias de gestão de pedir dinheiro emprestado dos Presidentes Manuel Bugalho e Vítor Frutuoso: Manuel Bugalho pediu, em 8 anos, 750 mil €; Vítor Frutuoso, em 5anos, já leva contratados 2,5 milhões de €.

- A exemplo do Endividamento, os Juros a pagar aos Bancos, têm subido vertiginosamente nos últimos 10 anos, passando de valores em média de 5 mil €/ano no princípio da década; para se aproximarem, valores estimados para 2012, dos 100 mil €/ano.

- É ainda de realçar, que nos últimos 10 anos a CM de Marvão, amortizou apenas cerca de 300 mil €, desta fatia imensa de cerca de 3 milhões €.

Falta apenas responder à última pergunta:

- Como irá o município pagar essas dívidas no futuro?

Bem, eu não sei. Mas, certamente, o Presidente do Município e o seu Executivo terão a resposta.


No próximo Post, sobre “Conheça o seu Município”, abordaremos a evolução das Despesas com Investimentos da CM de Marvão, que esperemos, como dizia o Tiago Gaio que: “ se não forem irmãs do Endividamento, ao menos que sejam primas….”.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Avé César: Um marvanense...

Na Edição nº 1807, de Terça-feira, 11 de Janeiro de 2011, do Jornal Fonte Nova, retirámos esta reportagem sobre um dos nossos conterrâneos, a que a má sorte bateu à porta num fatídico 18 de Abril de 1990.

Nestes 20 anos, o César, é um exemplo de coragem e persistência, contra agruras da vida, e por isso aqui, dignamente é lembrado no Fórum:

"Um exemplo de força e vontade - César Lopes luta para conquistar o que a vida lhe roubou

César Lopes era um jovem normal, fanático por desporto e tauromaquia, tinha cumprido recentemente o serviço militar e preparava-se para ingressar na GNR…mas tudo mudou.

No dia 18 de Abril de 1990, e depois de ter transportado o seu irmão para o trabalho, o marvanense despistou-se. Um acidente que nunca mais esqueceu e que o atirou imediatamente para uma cama de hospital. Quando acordou, o jovem, na altura com 21 anos, não conseguia mexer nem os braços, nem as pernas, pouco mexia a cabeça e não conseguia falar…foi o maior choque da sua vida, como próprio recorda.

"A primeira vez que me sentaram, ao fim de três meses, e fiz força para me levantar, vi que não mexia pernas, braços e mal mexia a cabeça. E não conseguia falar. Fiquei três anos sem falar. O que para mim foi ainda mais difícil", relatou.

Com o apoio e insistência da família, que tem estado a seu lado desde o acidente, minorando todas as dificuldades, César iniciou uma sequência de tratamentos e intervenções que, pouco a pouco, lhe foram devolvendo alguma mobilidade e a voz.

"A primeira vez que ouvi a minha voz, ao fim de três anos, foi uma alegria imensa", declarou, acrescentando ainda que a fisioterapia também lhe conseguiu devolver algum movimento (nos braços) e também equilíbrio nas costas.

Foram anos de intensa luta física e interior, presenteados com um equipamento que hoje lhe permite uma autonomia radicalmente diferente.

Há cerca de seis anos, César conseguiu finalmente a chave para lhe abrir novamente as portas do mundo: uma cadeira que se adapta perfeitamente à sua condição e que lhe permite mobilidade dentro e fora de casa. Com este equipamento, conseguiu sair de casa e percorrer toda a vila de Marvão.

"Esta cadeira é a minha dependência total. Uma cadeira igual à minha na altura custava cerca de 25 mil euros. Qualquer coisa para deficientes tem um preço exorbitante", afirma.

Felizmente, um amigo na altura, o Rui Pedro, conhecia Bagão Félix, o então secretá
rio de Estado da Segurança Social, a quem expôs o caso. A primeira resposta foi que a cadeira era muito cara mas, depois de algum tempo, e de terem facultado uma cadeira que não era apropriada, a segurança social comunicou-lhe que a cadeira lhe seria entregue. Foi, sem margem para dúvidas, o ponto de viragem na vida de César Lopes.

Mas a luta não ficou por aqui. Em 2009, e com a ajuda incondicional do amigo Tiago Gaio, César apresentou uma candidatura à Acção Qualidade de Vida, da Associação Salvador, apresentando igualmente um projecto de sensibilização nas Escolas, onde o marvanense apresenta o seu caso, e apela à utilização das cadeiras e do cinto de segurança. Infelizmente, em 2009, a candidatura não foi seleccionada.

Em 2010, e novamente com o apoio do amigo, César voltou a concorrer. Desta feita, foi um dos 16 seleccionados entre os 64 candidatos e conseguiu dois prémios, um computador portátil, com um software adequado à sua condição, e ainda um ar condicionado.
A lutar constantemente para recuperar aquilo que a vida lhe roubou, César Lopes conseguiu mais uma grande conquista e que lhe abre mais um mundo. Com o computador, o marvanense consegue comunicar constantemente com os seus amigos através das redes sociais, e tem um mundo inteiro de informação à sua frente.

"Agradeço muito ao Tiago por toda a paciência e disponibilidade. Ele sim é o responsável por estas conquistas", sublinhou, destacando que só com a ajuda do amigo conse
guiu não só conquistar este equipamento, mas também desenvolver a sua interacção.

Sempre de sorriso no rosto, César Lopes mostrou ao nosso jornal a forma como interage com o computador, um processo que agora parece simples, mas que exigiu uma grande perseverança.

Na verdade, e mesmo depois de perder toda a mobilidade, César nunca perdeu a vontade de viver, e revela uma vontade enorme de viver.

"Conheço pessoas na mesma situação que eu e que não saem das suas casas. Não podemos perder a vontade de viver. Não podemos esmorecer, passado é passado, temos de viver o presente, um dia de cada vez", concluiu, garantindo que, dia após dia, continua a lutar para enfrentar as muitas barreiras físicas, psicológicas e arquitectónicas que existem num mundo que já diz estar preparado para acolher cidadãos portadores de deficiência."

Força César...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Do pouca-terra à pobre Terra...



Caros Amigos,

O “Fórum Marvão” pode e deve ser um espaço de luta contra os problemas da interioridade, de defesa dos serviços públicos na nossa região, pugnando igualmente pela discussão de perspectivas de desenvolvimento para o território.

Como disse o João Bugalhão a 4 de Janeiro, este portal que em tempos serviu para acalentar fervorosas discussões, agora parece algo moribundo; e estou completamente de acordo com ele quando diz que se assemelha à situação do Concelho. Antes de ir de encontro ao assunto que me trás por cá, queria deixar um enorme abraço de felicitação, enquanto colaborador do Fórum, ao João Bugalhão, pela sua energia inesgotável nesta forma de cidadania do Séc. XXI, pelos reptos que constantemente nos vai lançando, e pela vida que dá a este espaço. Obrigado.

Ora aqui está um tema, que tenho a certeza, que reúne consenso entre os colaboradores e visitantes do Fórum: o Ramal de Cáceres não pode encerrar!!

O plano de actividade da CP para 2011 prevê o fim das ligações regionais no ramal de Cáceres, mais concretamente a ligação entre Torres das Vargens e Beirã. Não podemos aceitar que uma empresa pública se baseie em dados econométricos para retirar o principal serviço de mobilidade para as populações desta região. Eu pelo menos não aceito. Se não qualquer dia, o nosso Concelho e, a nossa região fica sem comboio, sem correios, sem Guarda…sem nada!

Vamos mobilizar-nos em torno desta causa, vamos utilizar este espaço para debater formas de protesto e actividades a desenvolver. O tempo urge, mas eu sou daqueles que ainda acredito no valor da cidadania activa, e por isso se todos congregarmos esforços podemos travar este processo.

Deixo aqui, também, dois contributos importantes na defesa do Ramal de Cáceres:

- em cima, uma nota de imprensa divulgada pela Junta de Freguesia da Beirã (a qual felicito no pessoa do seu presidente);

- e uma petição que está a decorrer on-line, e que será entregue ao Presidente da Assembleia da República Portuguesa e Governo da República Portuguesa ( NÃO CUSTA NADA ASSINAR E DIVULGAR).

Vamos lá participar!


PELA MANUTENÇÃO E MELHORAMENTO DOS COMBOIOS REGIONAIS NO RAMAL DE CÁCERES from Tiago Moura on Vimeo.

Falemos de Saúde em tempo de “vacas magras”!

Alimentação saudável em alturas de crise

Em alturas de crise financeira, quando os orçamentos familiares se tornam mais reduzidos, como vai ser o caso deste fim-do-mês, é importante não sacrificar o “conteúdo nutricional” da sua alimentação. Siga a "roda" dos alimentos e aprenda a viver com menos dinheiro, mantendo alguma qualidade alimentar.

Use algumas das sugestões seguintes para planear e gerir o Orçamento destinado à alimentação de forma a proteger a sua saúde:


Algumas Regras:

- Evite fazer refeições fora de casa, em especial o pequeno-almoço. Tenha em casa leite e iogurtes meio gordo ou magros, e pão ou cereais não açucarados. Se estes forem os alimentos base do seu pequeno-almoço, o custo será baixo e evitará consumir produtos de pastelaria e confeitaria que têm geralmente um elevado conteúdo de açúcar, gordura e sal;

- Retire da sua lista de compras os seguintes produtos: folhados, batatas fritas de pacote, aperitivos, charcutaria, molhos pré-preparados, caldos concentrados, sobremesas lácteas, bolos, gelados, chocolates, gomas, rebuçados e sobremesas açucaradas. Estes alimentos, por serem ricos em calorias, sal, gordura e açúcar aumentam os seus gastos sem trazerem benefícios à saúde;

- Beba água simples, e da torneira, ao longo do dia. Não gaste o seu orçamento em refrigerantes, sumos à base de fruta açucarados, chás frios açucarados, etc.

- Reserve o consumo e a compra de bebidas alcoólicas apenas para os dias de festa;

- Lembre-se carne e o peixe devem ser consumidos com moderação. Regra geral, não são necessários mais do que 100g de carne ou peixe por pessoa diariamente. Esta equação não obriga necessariamente que se coma carne ou peixe todos os dias ao almoço e ao jantar. Tenha isto em consideração quando faz as suas compras e evite comprar mais do que o necessário;

- Em algumas das refeições pode fazer ovos (substituem a carne ou o peixe), ou combinações de massa ou arroz com leguminosas, como feijão, favas, lentilhas ou grão acompanhados de legumes e hortícolas variados;

- Confecções como as caldeiradas, estufados, ensopados, açordas ou jardineiras às quais se adicionam legumes, feijão ou hortícolas (ex.: cenoura, pimentos, ervilhas, tomate, brócolos, couves, feijão verde, etc.), são excelentes formas de fazer refeições completas, saborosas e com um menor custo, uma vez que necessitam de menor quantidades de peixe e carne que outros preparados;

- Compre os hortofrutícolas da época e faça o maior uso possível da versatilidade destes alimentos;

- A fruta é ideal para a sobremesa, sendo, geralmente, mais barata do que sobremesas lácteas, bolos, gelados ou outras sobremesas açucaradas. Pode também levá-la para o trabalho e consumi-la como snack entre as refeições principais;

- Faça sopa rica em legumes, feijão ou grão e hortaliças e comece o almoço e jantar sempre com sopa.

- Os legumes congelados (por exemplo: ervilhas, brócolos, couve-flor, feijão verde, entre outros) servem de prática alternativa aos legumes frescos.



Contas de cabeça

Mesmo com um orçamento limitado procure ter um padrão alimentar:

- Completo, equilibrado, variado e energeticamente adequado às suas necessidades energéticas. Ou seja, não coma mais calorias do que aquelas que gasta;

- Com um limitado conteúdo em sal, açúcar e gordura (em especial a gordura saturada e ácidos gordos);

- Rico em fruta, legumes, leguminosas, hortaliças, cereais completos e seus derivados.


E já agora, aproveite e deixe de fumar. No fim de cada mês, o seu Orçamento terá um aumento entre 100 a 120 euros no mínimo, e no fim do ano a poupança poderá rondar os 1500 euros! Valor, certamente, muito superior ao que o sócrates, lhe quer surripiar…


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Conheça a vida do seu Município: ENIGMA I

Iniciamos aqui hoje, uma rubrica, em que pretendemos informar os nossos Visitantes, acerca de alguns Indicadores que têm influenciado a nossa vida colectiva enquanto marvanenses, nos últimos 10 anos.

Porque nem sempre o que se diz em Entrevistas para “inglês ver ou ouvir”, corresponde à verdade/realidade, torna-se fundamental, em minha opinião, que se olhe para trás, para a história, para não andarmos a dizer “asneiras”, para que possamos ter decisões mais reflectidas e acertadas, e para que não hipotequemos o nosso futuro e dos nossos filhos.

“ Se não souberes onde estás, jamais saberás para onde queres ir…”

A presente rubrica, tem a finalidade de nos fornecer algumas ferramentas, que nos permitam analisar e apreciar esse Indicadores estatísticos, para que quando formos chamados no futuro a decidir sobre escolhas, o podermos fazer com base em conhecimentos, e não, com base em percepções ou simpatias pessoais, para que não nos enganem com facilidade de falinhas mansas e simpatias duvidosas.

Os dados que aqui vos irei apresentar, “não caíram do céu aos trambolhões”, têm por base os Relatórios de Contas da CM de Marvão nos últimos 10 anos, nos quais, tive a honra de fazer parte das diversas Assembleias Municipais e, assim, pretendo deixar o meu testemunho sobre algumas coisas que por lá fui assistindo.

Surgiu-me assim a ideia: E que tal começarmos por aquilatar dos conhecimentos do nosso Fórum sobre esses mesmos Indicadores?

Assim, após a compilação de alguns Dados e a sua respectiva organização em Gráfico, surgiu-me a ideia de vos questionar sobre a que Indicador se refere a Figura 1?

Figura 1 – Uma “escada” sempre a subir!...

Fonte de Dados: Relatórios de Contas da CM de Marvão (Gráfico de minha autoria)


Podemos assim especular, se serão a evolução de “Verbas gastas em Investimentos” no concelho de Marvão (as chamadas Despesas de Capital); também podem ser o “Endividamento Bancário”, mas também, quem sabe, poderão ser “Subsídios atribuídos às Associações do Concelho”; ou ainda, a evolução da “População Residente no Concelho”?

O que parece não deixar dúvidas, é que existem diferenças acentuadas entre os Executivos liderados por Manuel Bugalho até 2005, e os liderados por Vítor Frutuoso! Que a “escada”, só uma vez desceu (2001 para 2002), e que o “maior degrau” é o do último ano de 2010.

Teste os seus conhecimentos sobre a vida do Município, e dê-nos a sua Opinião no Inquérito ao lado, sobre a que Indicador se refere a da Figura 1, e já agora deixe o seu comentário e contribua para desvendar do Enigma.

(Daqui a uma semana revelaremos o ENIGMA).

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

PREGAR NO DESERTO...

Há dias, relendo o Discurso de José Saramago, aquando da atribuição do Prémio Nobel a esse nosso escritor, não pude deixar de me deter a reflectir numa das menções aí citadas, quando se referia, ao seu desacordo com outro grande escritor da língua portuguesa, Fernando Pessoa, perdão, Ricardo Reis, quando este afirmou que “… Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo".

Não pude deixar de fazer algum paralelismo, entre a época em que Ricardo Reis, perdão Fernando Nogueira Pessoa, terá feito tal afirmação (anos 30, do século passado), e, simultâneamente, o que se vem passando aqui neste Espaço Fórum Marvão, onde a maior parte dos Colaboradores, e mesmo Visitantes, parecem ter desaparecido ou desistido de dar o seu contributo activo, para fazerem deste espaço aquilo que está bem expresso no seu cabeçalho como sua Missão: “… Este espaço nasce no seio de um grupo de Marvanenses orgulhosos do passado, atentos ao presente e preocupados com o futuro. Aberto a todos os temas, o Fórum Marvão pretende debater ideias e opiniões e fazer o seu contraditório, assente nos pilares do respeito e da tolerância. Este Blog não se identifica com qualquer formação política e os seus autores são responsáveis pelos posts e comentários publicados.”

Este espaço, a exemplo do concelho, só não parece mais um despovoado, porque o Contador, que pusemos à “porta”, continua a mostrar que, diariamente, mais de 100 visitantes por aqui continuam a passar, ávidos, certamente, de aqui encontrarem algo sobre o nossa terra. Mas apenas satisfeitos (?), com esse tal "espéctaculo" contemplativo.

Por mim, neste ano de 2011, aqui continuarei a dar o meu contributo, fazendo minhas as palavras de Jorge de Sena, em carta enviada a Eduardo Lourenço: “…cada vez mais, eu escrevo com a noção absoluta de pregar no deserto. Sei que uns entendem e não aceitam, e que outros, que aceitariam, não entendem. Mas a única justificação de uma existência que escreve para testemunhar de todas as verdades é persistir mesmo assim, e escrever da compreensão que era possível no nosso tempo. É provável também que me canse – mas isso nada prova senão contra mim, pois que sempre poderá haver, expressa ou não, uma compreensão profunda e amplificadora como a sua. A tristeza, porém, é muita; e não sei se, ainda que (quem sabe?) alegremente, não acabaremos por nos convencer definitivamente de que só nós estamos errados... e certos todos os outros."

Oxalá não acabe por dar razão a Ricardo Reis e Jorge de Sena!...

João Bugalhão